A morte, algo que todos independentemente da cultura, classe social, formação, sexo, raça ou credo não podem evitar. Podem adiar, podem fugir…mas já mais vão remediar.
Algo que é comum a qualquer organismo vivo, algo que invencível…mesmo para aqueles a quem os “comuns dos mortais” atribuem o estatuto de “semi-deuses”.
Isto de morrer a competir não começou agora, já na Grécia antiga…muitos foram os que morreram a competir…esses sim, alcançaram automaticamente o estatuto de “semi-deuses”…e tiveram o privilégio de “serem levados até o topo do Monte Olimpo" para se juntarem a Zeus para a eternidade.
Mais do que vencer…."morrer a competir era o maior dos troféus nos Jogos Olímpicos da Grécia antiga"….
Actualmente tem se assistido com relativa frequência á morte de atletas durante as competições desportivas…muitos são aqueles que incrédulos se questionam sobre o porquê da morte visto que eles são “atletas”(semi-deuses)…e os atletas são jovens fortes e saudáveis que praticam desporto por isso estão “quase proibidos de morrer”…mas a verdade é outra.
Tal como uma vez ouvi ao professor Manuel Sérgio: “se praticar desporto faz bem…então porque morrem pessoas a fazer desporto??”
Bem, como diria um “pequeno cérebro” do desporto português: “isto é uma faca com dois legumes”(gumes)…
Pois se a noção de Atleta treinado está associada á imagem de “ser humano muito saudável”…essa imagem nem sempre é aquilo que parece….pois o Alto rendimento desportivo pisa terrenos do prejudicial á saúde. (Corre 42 km em cerca de 3 horas é saudável? Acho que não é muito!!)
Existem diversas causas para se morrer durante a prática de actividades físicas desportivas, independentemente da intensidade e do nível de condição do praticante.
Muitas razões de morte estão relacionadas com más formações a nível do aparelho cardio-respiratório, mas muitas causas de morte também podem estar relacionadas com substâncias dopantes…curiosamente pouco se fala desta hipótese, será tabu??
Uma das actividades desportivas que mais pessoas mata é o Squash….isto extra alto rendimento…e porquê?
Na minha humilde opinião, visto que sou técnico de desporto e não médico, a principal razão a este nível de prática está relacionada com a intensidade da Actividade física em si própria, está também relacionado e como é obvio com o público alvo desta modalidade, que normalmente são homens de negócios, de meia idade, da classe média-alta, com pouca capacidade física e com uma vida sedentária…o que os torna uma “presa fácil” no que diz respeito a ataques cardíacos provocados pela intensidade do próprio jogo.
Nos atletas de alto rendimento a coisa muda de figura, pois capacidade física não lhes falta e um ataque cardíaco parece ser algo improvável de acontecer, mas a verdade é que não o é…pois muitos desse atletas durante o seu crescimento foram sujeitos a cargas de treino elevadas…muitas vezes desajustadas da sua idade biológica…o que contribui para que existam por vezes más formações orgânicas (alguns praticamente nascem com elas mas outras são provocadas pelo treino).
A culpa é dos "treinadores de jovens" que não respeitam e não dominam várias questões relacionadas com o treino e adequação deste aos atletas que tem sob a sua responsabilidade.
Eu já assisti a aquecimentos que eram autenticas “corridas de velocidade”, será que isto não tem um efeito prejudicial sobre o organismo de um ser em desenvolvimento, claro que têm!!
Vamos supor que a criança está com uma FC de 60 bpm em repouso e depois sem aquecer convenientemente vai fazer um sprint de 100m onde a sua FC dispara para as 190 ou 200 bpm….isto em poucos em segundos, agora multipliquem 3 treinos por semana durante 10 anos…são muitos aquecimentos mal feitos… depois os mesmos "pseudo-treinadores" anos mais tarde ficam surpreendidos que eles tombem no relvado.
É lógico que a ciência não detecta tudo…nem sequer cura tudo….tal como em todas as questões relacionadas com a saúde …o melhor é sempre a prevenção.
Aqui vos deixo uma lista de efeitos negativos provocados pelo treino intensivo precoce:
(segundo Raposo,A.V., 2006)
Ao nível da traumatologia geral:
- microtraumatismo de repetição
- microtraumatismo musculares e tendinosos
- doença de sheumann
- lesões nas inerções musculares
- osteonecroses assépticas
- perlartropias
- arrancamentos ósseos ao nivel da bacia
- lesões musculares em zonas de ossificação secundária
- fracturas de fadiga
- lesões cartilaginosas
- lesões nos seios e no útero
- entorses graves no joelho
- miosites ossificantes
- degenerências artrósicas
- arritmias cardíacas
- insuficiência do aparelho circulatório
- crescimento reduzidopor hiprttrofia exageradada musculatura
- quebra da curva de crescimento
- desigualdade no crescimento dos MI
- diminuição do ritmo de crescimento
- retardamento da maturação sexual
- virilização
- esterelidade
- irreglaridade dos ciclos mestruais
- anseidade exagerada por imaturidade
- síndrome de saturação desportiva
- perda de identidade
- ocupação obsessiva