sábado, 18 de agosto de 2007

FC Barcelona – “més que un club”


Quando o capitão do FC Barcelona levantou a taça da Champions em Maio de 2006, depois de um jogo sofrido com os “Gunners” histórico clube londrino, o Barcelona renasceu, este “gigante dormente” já não conquistava o título desde 1992. O back-to-back na liga espanhola foi também um grande contributo para o novo despertar do “monstro” da Catalunha.

Para as pessoas da região “semi - autónoma” da Catalunha o sucesso do “gigante” Barça é sempre mas sempre muito importante, pois este é o principal representante da comunidade regional nos mais altos palcos de actuação desportiva.
Exemplo disso foi a vitória do “Winterthur FC Barcelona” sobre os “Philadelphia 76ers” no NBA EUROPE 2006, façanha desportiva que deixou orgulhoso o povo da Catalunha.

Estes êxitos desportivos são muito importantes não só pelas vitórias em sim mesmas, mas também pela consequente vertente económica que trazem, pois em termos de oportunidades de negócio, os valores e a frequência são exponencialmente elevados depois de grandes êxitos desportivos.

Esta vertente económica e de gestão parece ter sido considerada mais importante dentro do Barça depois da eleição do “jovem” presidente Joan Laporta em 2003.

A questão que se coloca em termos da Gestão Desportiva é: “Será que o Barça tem aquilo que é necessário para aliar os êxitos desportivos aos económicos”??

Na minha humilde opinião, SIM…o Barça tem todas as condições para se tornar uma das “maiores e mais poderosas” organizações desportivas do planeta.

Nos seguintes parágrafos vamos tentar perceber porquê!?

O FC Barcelona foi fundado em 1899 por um grupo de suíços, britânicos, espanhóis e catalãs, inicialmente como um clube onde o futebol era exclusividade e mais tarde como um clube multi-desportivo, onde actualmente as mais variadas modalidades amadoras e profissionais são praticadas, desde o futebol profissional, ao rugby, ao futsal, ao basquetebol profissional e ao basquetebol adaptado..o Barça tem de tudo…ou quase.

Desde o ano de 1957 que o Barça joga no mítico “Nou Camp” que tem capacidade para 99 000 espectadores, actualmente é o maior estádio da Europa. Os jogos em casa normalmente tem lotação esgotada, tal é a identificação da população local com o clube.

Actualmente a massa adepta do Barça encontra-se espalhada pelo planeta e em 2006 o Barça contava com cerca de 145 000 associados. Conta ainda com 1800 organizações de adeptos espalhadas pelo globo, algo semelhante ao que em Portugal é designado por “Casa” do Clube.

Em Espanha o maior rival do Barça é o Real Madrid, são as duas forças dominantes em termos futebolísticos, esta rivalidade tenaz, arrasta-se desde sempre, mas foi muito mais acentuada depois da guerra civil espanhola, é uma das rivalidades mais intensas do universo desportivo onde ambas as partes simplesmente se “odeiam”.

O “Real Madrid de Franco” simboliza o poder Politico e toda a campanha sangrenta levada a cabo pelo regime franquista contra o povo “separatista” da Catalunha.

Sendo assim o Barça é como um símbolo cultural do povo da Catalunha, é o representante desta cultura e povo nas provas desportivas em que entra, de certa forma o Slogan: “MÉS QUE UN CLUB”…(mais do que um clube) é algo que diz aquilo que o FC Barcelona representa para o Povo da Catalunha, é algo que faz parte da cultura, é algo que os representa e enche de orgulho todos os habitantes desta região “semi-independente”.

Desde a sua ultima grande conquista em 1992, o Barça esteve cerca de 10 anos sem alcançar grandes êxitos desportivos, pelo contrário perdeu muitas coisas, inclusive um dos “heróis” do clube o Luís Figo para o seu maior oponente o Real Madrid…tal como décadas antes o regime de Franco lhe impôs que “desse” o astro Alfredo Di Stefano ao clube do regime.

Este facto (Figo) só contribuiu para a “repetição da história” e para ambos os lados se ondearem ainda mais…mas o Barça entrava em decline-o…os êxitos desportivos não apareciam com a frequência desejada e em termos financeiros e de gestão o clube estava moribundo, fruto de circunstancias sociais, conjectura do momento mas principalmente de uma pobre politica desportiva e incapacidade de gestão.

Com a chegada do presidente Laporta e da sua equipa: determinada, com orientações comerciais e jovem, o FC Barcelona renasceu das cinzas.

Laporta trouxe consigo o êxito dentro e fora dos campos.

A estratégia de crescimento dentro e fora dos campos começou a sua consolidação com a aquisição de um grande Astro do Futebol…nomes foram propostos : Beckham, Henry, Ronaldinho…a escolha recaiu sobre este ultimo …(o mais jovem dos 3) …um verdadeiro “entertainer”, Ronaldinho demonstrou ser uma mais valia quer em temos desportivos, de espectáculo e por consequência comerciais…uma aposta ganha pela equipa de gestão de Laporta (recentemente a mesma equipa de gestão contratou o “mega astro” Henry ao Arsenal…algo pensado já anos antes).

O futebol nos últimos 10 anos sofreu grandes alterações, em termos globais o futebol movimenta actualmente e em média 10 biliões de euros por ano, nos últimos 10 anos a “indústria da bola” cresceu somente uns míseros 25%... (dá que pensar).

As principais razões para tal crescimento foram a proliferação dos mercados televisivos, Internet, sponsorship, naming rights, a globalização e o crescente reconhecimento das marcas desportivas dos próprios clubes.

Laporta e a sua equipa visionária conseguiram transformar um clube de uma região, num Clube/Marca com reconhecimento mundial.

Actualmente o FC Barcelona ou somente Barça, é uma marca mundialmente famosa como o Man. United e a NBA, daí que o slogan: “mais do que um clube” lhe assente bem na minha opinião….

Visto isto, certo está que o FC Barcelona tem reunidas todas as condições para ser uma potência dentro e fora dos terrenos de jogo….sendo sempre mais lógico que o seja sempre e em1º lugar, dentro do campo e somente depois fora deste…ou então corre-se o risco de se ser apelidado de “galáctico”sem que desportivamente exista uma correlação entre o nome e a performance…depois vem o “Jesus de Belém” e humilha os “apelidados de galácticos” publicamente.

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