quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Ser Treinador não é fácil....
Aqui fica um excerto de uma temática abordada pelo grande mestre:
O nosso desempenho profissional, apresenta de facto, relativamente às restantes profissões, uma enorme diferença, expressa pela constante exposição pública, pelas exigências permanentes de resultados positivos, pelo carácter imprevisível da competição desportiva e os as difíceis interacções relacionais com atletas, árbitros, jornalistas, dirigentes, etc.
Os dirigentes esperam de nós resultados. Os atletas pedem-nos compreensão para as suas necessidades de afirmação. Os jornalistas exigem-nos atenção e disponibilidade permanente. Os adeptos pretendem ser ouvidos e adulam ou antagonizam o nosso trabalho ao sabor das vitórias ou derrotas. Os patrocinadores não resistem a associar o poder do seu dinheiro à possibilidade de mandarem em tudo e em todos. Numa diversificada pressão que acaba, quase sempre, por influenciar de modo marcante a nossa acção.
É por isso que ser treinador, exige conhecimentos e requer experiências que ultrapassam as aquisições de uma carreira de atleta.
Um excelente atleta, nem sempre terá a garantia de possuir capacidade para ensinar e, muito menos, a de ser capaz de criar climas de trabalho próprios para a aprendizagem ou o treino. A experiência do atleta, é importante, mas, para ser treinador, para além da lógica do jogo e dos seus elementos, torna-se fundamental que domine a lógica pedagógica do seu ensino.
A função de treinador implica a tomada de decisões, organizadas com base em indicadores e segundo critérios que obedecem a uma certa ordem e em diferentes domínios. Organização do treino, liderança, estilo e formas de comunicação com os jogadores, dirigentes, árbitros, jornalistas, etc., opções estratégicas e tácticas decorrentes da observação e análise do jogo, gestão das pressões contidas na competição, controle da capacidade de concentração e emoções, etc.
Para além dos imprescindíveis conhecimentos técnico tácticos e da possível capacidade de demonstrar correctamente as técnicas, ser treinador exige um conhecimento multidisciplinar e o desenvolvimento de um conjunto de habilidades próprias no âmbito das competências de ensino.
Mesmo quando a qualidade do candidato a treinador, revelam uma informação e formação acima da média, ele tem de ser capaz de provocar, através da sua acção, o interesse e motivação dos que aprendem e treinam, pois não há progresso nem êxitos possíveis sem a participação motivada dos atletas.
A profissão de treinador, tem de ser exercida de modo estimulante para a autonomia futura dos atletas sob a sua responsabilidade, acreditando nas capacidades daqueles que fazem parte do seu grupo de trabalho e devolvendo-lhes competências.
Cada treinador, deve actuar de acordo com as suas características e limitações, sem nunca esquecer a responsabilidade que lhe está atribuída quanto à formação social e emocional dos atletas com quem trabalha e à melhoria gradual destes, no âmbito dos conhecimentos relativos à modalidade a que se dedicam.
Os resultados provenientes da intervenção do treinador, têm profundos reflexos sociais pela influência educativa, (ou deseducativa!), que exercem nos jovens e nos adultos, quer sejam praticantes ou adeptos.
Logicamente, não existem treinadores ideias, tipo super-homem de banda desenhada, "que sabe tudo" e "nada o perturba", "homem sem defeitos" e comportamentos sociais e desportivos sempre irrepreensivelmente modelares. Tais modelos não passam de produtos imaginários, criados e alimentados por enquadramentos sócio desportivos alienatórios da realidade.
Jorge Araújo in PLANETABASKET.PT
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